Às vezes me canso de toda a minha história, me canso de minha vida, mas me vejo presa nela, é como se a minha vida zombasse de mim em um dar de ombros, mas a vida sequer possui um corpo, portanto é impossível que tenha ombros.
Então, ainda devaneando em pensamentos rio sem humor acompanhada de todas estas vozes julgadoras que sempre habitaram minha mente, sendo assim me perco numa fantasia onde tudo gira em torno daquele beijo, daquele toque que me enchia de alegria, e agora não passa de nostalgia... Perdida num conto romântico de fantasia, me vejo cada vez mais distante deste cruel mundo real. Dizem que preciso me amar acima de tudo, mas amor? Não sei se sou digna de ser o amor de alguém, quanto mais de mim mesma.
Respiro fundo, e o mundo real me chama novamente, me desanimando totalmente, as pessoas exigem de mim maturidade e bom senso, ainda que não ajam assim comigo, então as vozes em minha mente voltam com toda a força, não consigo ouvir nenhuma com clareza, está tudo confuso, então recuo, calo-me e deixo as lágrimas gritarem por mim, um grito de desespero silencioso, algo que faça alguém me salvar deste fim. Estou cada vez mais fadada ao erro! Queria acertar, mas minha mente me diz que a única coisa que faço certo é errar. Na verdade eu nem sei o que quero, mas meu destino agora é me repetir. Sou inédita em detalhes, mas nunca aprendi à dizer a coisa certa na hora certa. Será que algum dia aprenderei? Será que algum dia encontrarei a felicidade e distanciarei meus incômodos próprios e alheios?
Meus desejos primordiais são mágicos o bastante para não serem levados à sério, e este é o problema da humanidade, todos querem soluções mágicas para os problemas, mas se recusam a acreditar na magia. Queria antecipar a língua dos anjos, queria aprender a dos arcanistas, assim conjuraria magias benévolas, assim poderia fazer qualquer pessoa triste sorrir, assim ninguém teria que sofrer com uma vida maléfica.
Sinto-me estranha, pois tenho errado muitas vezes, parecendo que faço a coisa certa, é necessário mesmo se desculpar quando se erra pensando acertar?
Meus suspiros de saudade interrompem as vozes em minha mente, será que tenho feito meu melhor? Meu altruísmo de quando em quando me deixa exausta, minha inteligência de quando em quando me aborrece. Particularmente acho patético e incrível quando não consigo antecipar pequenos contratempos como quando tropeço ou bato partes do meu corpo em algum lugar por exemplo. É como se a inteligência fugisse do meu cérebro e este se desligasse da realidade monótona, assim aquele pequeno acidente se torna uma cena nova e sinto então raiva de minha memória, por não ter conseguido antecipar este erro bobo de meu corpo. Afinal, como posso bater nos objetos que estão no mesmo lugar há anos?