quarta-feira, 6 de outubro de 2021

O Futuro de uma Ilusão

 Às vezes me canso de toda a minha história, me canso de minha vida, mas me vejo presa nela, é como se a minha vida zombasse de mim em um dar de ombros, mas a vida sequer possui um corpo, portanto é impossível que tenha ombros.

Então, ainda devaneando em pensamentos rio sem humor acompanhada de todas estas vozes julgadoras que sempre habitaram minha mente, sendo assim me perco numa fantasia onde tudo gira em torno daquele beijo, daquele toque que me enchia de alegria, e agora não passa de nostalgia... Perdida num conto romântico de fantasia, me vejo cada vez mais distante deste cruel mundo real. Dizem que preciso me amar acima de tudo, mas amor? Não sei se sou digna de ser o amor de alguém, quanto mais de mim mesma.

Respiro fundo, e o mundo real me chama novamente, me desanimando totalmente, as pessoas exigem de mim maturidade e bom senso, ainda que não ajam assim comigo, então as vozes em minha mente voltam com toda a força, não consigo ouvir nenhuma com clareza, está tudo confuso, então recuo, calo-me e deixo as lágrimas gritarem por mim, um grito de desespero silencioso, algo que faça alguém me salvar deste fim. Estou cada vez mais fadada ao erro! Queria acertar, mas minha mente me diz que a única coisa que faço certo é errar. Na verdade eu nem sei o que quero, mas meu destino agora é me repetir. Sou inédita em detalhes, mas nunca aprendi à dizer a coisa certa na hora certa. Será que algum dia aprenderei? Será que algum dia encontrarei a felicidade e distanciarei meus incômodos próprios e alheios?

Meus desejos primordiais são mágicos o bastante para não serem levados à sério, e este é o problema da humanidade, todos querem soluções mágicas para os problemas, mas se recusam a acreditar na magia. Queria antecipar a língua dos anjos, queria aprender a dos arcanistas, assim conjuraria magias benévolas, assim poderia fazer qualquer pessoa triste sorrir, assim ninguém teria que sofrer com uma vida maléfica. 

Sinto-me estranha, pois tenho errado muitas vezes, parecendo que faço a coisa certa, é necessário mesmo se desculpar quando se erra pensando acertar?

Meus suspiros de saudade interrompem as vozes em minha mente, será que tenho feito meu melhor? Meu altruísmo de quando em quando me deixa exausta, minha inteligência de quando em quando me aborrece. Particularmente acho patético e incrível quando não consigo antecipar pequenos contratempos como quando tropeço ou bato partes do meu corpo em algum lugar por exemplo. É como se a inteligência fugisse do meu cérebro e este se desligasse da realidade monótona, assim aquele pequeno acidente se torna uma cena nova e sinto então raiva de minha memória, por não ter conseguido antecipar este erro bobo de meu corpo. Afinal, como posso bater nos objetos que estão no mesmo lugar há anos?



Às vezes me canso de quem eu sou, mas estou presa em mim, então tento me disfarçar, e estas camuflagens invento me parecem deploráveis à todo o momento, pois tantos disfarces atiçam meu lado sombrio, então me torno vilã de minha própria história, mas eu não era a protagonista dela em outrora?

Tudo isso me cansa, me pune, assim, repleta desta exaustão noto minhas lágrimas escorrendo outra vez sem permissão. Sei que você odeia me ver chorar, mas por favor olhe para mim, não desvie teus olhos dos meus, foi a escuridão neste olhar, que outrora, me fez, no que é bom, acreditar...

Num passado que agora parece-me muito distante, eu costumava ser outra pessoa, tinha o riso fácil e tudo me divertia, nem todos me notavam, eu era somente mais uma garota vivendo a própria vida com alegria, nem todos me conheciam, nem todos sabiam meu nome, mas eu sempre memorizava o nome de todos, coletava tudo o que pessoas especiais me presenteavam, guardo até mesmo aquele pedaço de galho que um anjo me presenteou no lago. Mas o charme nunca realmente esteve em coisas materiais, o que me dava alegria de verdade eram as mentiras boas, as ligações telefônicas, os sussuros ofegantes, o segredo que dividíamos em seu carro na calada da noite, tenho saudades de tudo isso, pois agora ficaram as verdades duras, os vácuos emocionais, as discussões acaloradas, conversas rasas, vazios, sua ausência, sentimentos jogados ao vento, perdidos e sinceros, meu coração puro demais para teus equívocos desonestos que exalam o perfume do abandono.

Eu costumava pensar diferente antes do caos chegar, pensava que no futuro, eventualmente, eu encontraria novamente o verbo confiar, mas enquanto eu apenas espero só encontro a demora e a rotina, quando se está sozinha pode ser tortuosa no decorrer das horas...

Eu queria reencontrar minha alegria, mas ninguém sabe para onde o passado vai. O desejo de voltar àquela época é uma benção e uma maldição.

Eu hoje não sei mais o que procuro ou se procuro algo, mas analiso com atenção as coisas simples que encontro. Ontem mesmo borboletas passaram voando sobre meus ombros, queria sentí-las mais uma vez em meu estomago.

Percebi então que nada no mundo real faz sentido, pois existe tanta ficção no meio das coisas reais que me sinto perdida em uma fantasia e da realidade desconfio.

Queria acreditar novamente que tudo é possível, e pensando nisso me rio novamente de minha inocência, pois querendo ser livre me perco na dependência, querendo ser especial faço-me dos seres o mais comum, percebo que entre os seres humanos sou apenas mais um, então suspiro chorando por sua ausência!

segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Ensaio sobre a Depressão

Começo este texto sem saber exatamente em que momento ele se inicia. Desculpe caro leitor, por falhar com este início, porém não é motivo para um repentino desanimo! A rapidez de meus pensamentos polvorosos se contradiz com a preguiça e o cansaço corporal que beiram a exaustão.
Mal consigo me levantar da cama ou comer, a depressão novamente toma conta de mim, brigando com a ansiedade para saber quem irá me dominar esta noite, porém ainda consigo, mesmo que entre lágrimas bater os dedos no meu teclado.
Por um momento me olho no espelho, observo meu reflexo com um certo estranhamento e continuo encarando aquele ser no espelho ainda surpresa, minha mente nunca descansa, está sempre em um mar de pensamentos confusos misturando realidade com ilusão. Repentinamente sinto uma vontade de gritar bem alto, até que meu grito de desespero abafe as vozes de pensamentos que tanto me atormentam, mas não posso gritar, estou cercada por medos e suposições de um futuro cruel que eu nem sei dizer se realmente existe. A comum sensação de estar sozinha neste mundo me invade, e as lágrimas caem com mais força, eu deveria desaparecer.
A exaustão e a tristeza percorrem meus ossos e músculos, muitos diriam que não tenho motivos para estar cansada ou triste, e talvez, em um mundo normal, eles estejam certos, mas vejam bem, no mundo onde vivo, eu não sou obrigada à explicar coisas que nem sequer eu entendo bem, eu não devo aceitar que disse o que não disse, e nem concordar que fiz o que nunca fiz. Minha mente é acelerada, a mania de ser perfeita para todos faz com que eu seja imperfeita para mim mesma, tudo escorre por entre meus dedos, me perco de tudo, e a ausência de pessoas que amo e a minha própria ausência me desesperam.
Estou exausta, quero por um fim em tudo, mas sequer sei por fim à este texto! Não tem mais sentido, nada nunca teve sentido.
Um pequeno inseto aparece voando e pousa no documento aberto em meu computador, isso me incomoda, mas minha ingênua gentileza me impede de assassiná-lo. Talvez eu devesse experimentar a maldade de vez em quando por querer... Já é de manhã e ainda não dormi, mais uma noite em claro perdida em pensamentos que me atormentam. Depois de sangrar um pouco mais, me deito, já passou da hora de trabalhar, talvez seja melhor eu desperdiçar meu dia em casa novamente, com este pensamento desligo o computador e apago a luz do meu quarto, queria companhia, mas estou novamente sozinha enquanto todos vivem suas vidas lá fora, espero finalmente cair nos braços morte em um sono eterno, suplico para que isso aconteça logo e toda a dor e sofrimento desapareça em meu descanso merecido.