quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Devaneios de uma mente ansiosa



Conheço minha ansiedade à ponto de entretê-la, por isso quando ela chega me recluso num quarto escuro, em um tipo de casulo, esperando que desta vez a dor não seja tão intensa assim. Pareço demasiadamente frágil, mas meus punhos cerrados estão sempre prontos para minhas internas lutas. Existem dias que eu estou pronta para enfrentar um dragão alado, existem outros que uma simples nuvem escura me faz desistir e aí eu choro, e em meio ao meu choro oro, bem baixinho, para que Deus não se esqueça de mim. Só imploro para que eu logo adormeça, antes que a madrugada chegue e bagunce mais minha cabeça.
Sei o que sinto, não preciso de conselhos, eu me conheço, e sei que nestes momentos não há distração que me faça melhorar. Fecho os olhos e observo meu interior, vejo-me de fora com a convicção que seria alguém melhor sem um coração, mas gosto de sentir a pulsação, por fim começo a me reconhecer, sou a mulher que matou o charme, sou aquela que disse as palavras certas na hora errada, aquela que errou o timing, sou aquela que deixou as palavras realmente certas guardadas. Então calo-me, observo-me, resguardo-me. Sou ao mesmo tempo tudo e nada. Sou o interlúdio da canção antiga cantarolada. Eu não sou mais aquela que você conheceu. O céu anuncia uma nova “eu”, com mais clareza do que eu poderia imaginar. É chegada a hora dos demônios, seria melhor se eu não estivesse acordada, preferia estar perdida em sonhos enfadonhos, ouvindo o barulho da chuva que ainda não chegou. Grito em meu interior: “Durma logo, é tarde, mas ainda é muito cedo para falar de amor! Então durma antes que a madrugada amanheça, durma e descanse, antes que outro dia te enfraqueça!".

0 comentários:

Postar um comentário